A Realidade do Sábado - O Estudo do Sábado - Parte 1
- Israel Fontoura
- 11 de ago. de 2023
- 15 min de leitura
Atualizado: 9 de mar.
Estudo Sobre o Sábado de Deus – Parte 1
Desde os tempos antigos, o conceito de descanso sempre esteve presente no plano de Deus para a humanidade. No relato da criação, vemos que, após seis dias de obra, Deus descansou no sétimo dia e o santificou. No entanto, ao analisarmos as Escrituras, percebemos que o descanso de Deus vai além de um simples cessar de atividades físicas. No Salmo 95, o Senhor faz uma declaração impactante: “Não entrarão no meu descanso.” Mas o que isso significa?
Se o sábado foi instituído desde a criação e foi guardado pelo povo de Israel durante os quarenta anos no deserto, por que Deus afirmou que eles não entrariam em Seu descanso? Essa questão é esclarecida no livro de Hebreus, onde o autor nos mostra que o verdadeiro descanso de Deus não é apenas um dia da semana, mas uma realidade espiritual acessível pela fé.
Neste estudo, vamos analisar o que a Bíblia realmente ensina sobre o descanso de Deus, a relação entre o sábado e a promessa do descanso eterno, e como podemos, hoje, entrar nesse descanso. Afinal, se há uma promessa de descanso para o povo de Deus, precisamos compreender plenamente o que isso significa.
Entrada da servidão do homem
Gênesis 3:17-19"E a Adão disse: Visto que atendeste à voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara que não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás."
Quando Adão pecou por causa de Eva, a carne e a escravidão surgiram, embora isso não fosse a vontade de Deus. Da mesma forma, quando Abraão não creu na palavra de Deus e ouviu a voz de Sara, que disse: "Toma a escrava", não era esse o meio pelo qual Deus desejava dar um filho a Abraão, mas sim por meio de Sara. Assim, o filho da carne e a escrava surgiram. Podemos perceber que Deus nos ensina que a desobediência traz como consequência a escravidão. Toda desobediência gera consequências, como nestes casos, mas Deus sempre proporciona uma restauração.
Quando Deus colocou Adão e Eva sob a servidão, também lhes proporcionou um descanso ao dizer:
Gênesis 2:1-3"Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera."
Jesus nos revela o motivo pelo qual Deus fez o sétimo dia:
Marcos 2:27-28"E acrescentou: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado."
O texto deixa claro que o sábado foi feito por causa do homem. Logo, esse descanso só poderia ter sido estabelecido após a criação do homem. Antes disso, tal descanso não existia diante dos anjos e de toda a criação invisível de Deus. Era algo novo, pois o motivo pelo qual Deus instituiu o descanso foi o homem.
Podemos perceber que Deus não criou o homem para a servidão, mas para ser livre e viver em descanso:
Gênesis 2:5-9"Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado, porque o SENHOR Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo. Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo. Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento, e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal."
O alimento de Adão viria do próprio jardim, e ele deveria cultivá-lo sem escravidão, pois as plantas naturalmente forneceriam o sustento. Não haveria fadiga para se alimentar dos frutos da terra. Essa sempre foi a vontade original de Deus. Contudo, quando o homem transgrediu a ordem divina, ficou sujeito às palavras de Deus:
"No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás."
Assim, o homem passou de uma condição de descanso para uma condição de fadiga e trabalho, culminando no retorno ao pó após anos de labor. Por isso, Deus estabeleceu a lei:
"Aquele que não trabalha, que não coma."
Restauração de todas as coisas
A vontade original de Deus era que o homem não precisasse se fatigar para obter sustento, mas que as plantas produzissem naturalmente, sem que ele tivesse de cultivar a terra com suor e dor. No entanto, após a queda, a humanidade foi colocada sob a "lei da escravidão", que exigia esforço para retirar o pão da terra em meio a cardos e abrolhos.
Mesmo assim, Deus prometeu restaurar todas as coisas, trazendo a criação de volta ao seu estado original, conforme ensinado pelo apóstolo Paulo:
Romanos 8:19-23"A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo."
Podemos refletir sobre dois pontos:
a) No início, o homem se alimentava sem fadiga, mas esse ciclo foi interrompido.b) Deus faz uma alusão à atual forma de agricultura.
O pão da terra
Quando Deus disse: "No suor do teu rosto comerás o teu pão", Ele já estava profetizando sobre o trabalho do homem para tirar da terra o trigo e outros grãos necessários para produzir o pão. Esse é o "pão da escravidão", pois o homem precisa trabalhar para obtê-lo. No entanto, Cristo é o "pão da vida", o pão da liberdade, e aquele que dele se alimenta vive para sempre.
Viver da servidão
Todos os homens foram colocados sob uma lei de trabalho e servidão. Entretanto, na lei mosaica, os sacerdotes viviam do altar e daquilo que não produziam, sendo sustentados pelas ofertas e dízimos do povo. Esse modelo aponta para um futuro onde o homem poderá viver dedicado integralmente a Deus, sem fadiga nem morte, pois a terra produzirá naturalmente.
O testemunho de Papias de Hierápolis ilustra essa restauração:"Haverá dias em que nascerão vinhas que terão, cada uma, dez mil videiras; cada videira terá dez mil ramos; cada ramo terá mil galhos; cada galho terá dez mil cachos, e cada cacho terá dez mil uvas. E cada uva espremida renderá vinte e cinco metretes de vinho. (...) Um grão de trigo produzirá dez mil espigas, e cada espiga dará dez mil grãos; cada grão dará dez libras de farinha branca e limpa."
Isso se assemelha à promessa das Escrituras:
Isaías 65:20-25"Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem. (...) O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR."
Desde o princípio, os animais viviam pacificamente e se alimentavam de ervas, como descrito em:
Gênesis 1:29-30"E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento."
Fica evidente que Deus deseja restaurar todas essas coisas, trazendo a criação de volta ao estado original, quando Deus viu que "tudo era muito bom".
Com todos esses detalhes, podemos ter um vislumbre panorâmico de tudo o que Deus tem em mente e compreender as palavras de Cristo, da Lei, dos profetas e dos escritos. Vamos atentar novamente para o texto que diz:
Marcos 2:27-28"E acrescentou: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado."
Primeiramente, devemos fazer perguntas a nós mesmos e raciocinar sobre este texto:
1. Se o homem, no princípio, não estava em situação de servidão e fadigas, qual o motivo de Deus estabelecer um dia de descanso para ele?
2. Qual o motivo de Deus estabelecer o sábado para o homem?
Estas perguntas podem ser respondidas por meio de uma única resposta, mas que só poderá ser compreendida por uma mente exercitada na Lei e nos profetas. Esse é o motivo de muitos não compreenderem essas questões. Como percebemos, Deus criou o homem não para a servidão e o trabalho árduo, mas para que, em bondade e liberdade, cultivasse o jardim e dele se alimentasse sem escravidão, vivendo da Árvore da Vida. No entanto, devido à desobediência, tudo isso se modificou, e o homem perdeu essa condição.
Agora, devemos raciocinar: se o homem entrou em escravidão e Deus disse: “Seis dias trabalharás e no sétimo descansarás”, é óbvio que o sábado foi estipulado para que o homem descansasse de suas fadigas. Como vimos, essas fadigas só apareceram por causa da transgressão que colocou o homem sob servidão. Portanto, o motivo do sábado é este: libertar o homem da lei da servidão e trazer-lhe descanso.
Deus criou o sábado sabendo que o homem pecaria e, por meio do pecado, cairia sob escravidão, retornando depois ao pó de onde foi formado. Essa é a lei deste mundo, mas não foi o que Deus declarou ao dizer: “Tudo é muito bom”. Assim, se o homem não tivesse pecado, o sábado não teria sido estabelecido, pois sua instituição ocorreu justamente para proporcionar descanso e libertação da servidão causada pelo pecado.
Porém, agora surge uma nova questão: se o sábado foi criado por causa do homem, para que ele descansasse de suas fadigas e da servidão do pecado, acaso o homem pecou depois de o sábado ser estabelecido? Responderemos a essa pergunta adiante no estudo.
O Sábado, a Lei de Deus e os Tempos Determinados
Existem alguns trechos no Novo Testamento que são obscuros e de difícil compreensão em relação ao sábado, o que leva muitos, por falta de entendimento, a fazerem julgamentos equivocados. No evangelho de Lucas, vemos que Jesus e os discípulos passavam por uma plantacão de cereais e, com as mãos, colhiam e debulhavam espigas para comer. Entretanto, alguns fariseus, apegados às suas tradições, tiraram conclusões erradas e acusaram Jesus e seus discípulos de transgredirem o sábado:
Lucas 6:1-4
"Aconteceu que, num sábado, passando Jesus pelas searas, os seus discípulos colhiam e comiam espigas, debulhando-as com as mãos. E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito aos sábados? Respondeu-lhes Jesus: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros? Como entrou na casa de Deus, tomou e comeu os pães da proposição e os deu aos que com ele estavam, pães que não lhes era lícito comer, mas exclusivamente aos sacerdotes?"
Esses fariseus tropeçaram na interpretação da Lei, pois em nenhum momento estava escrito que era proibido comer com as mãos no dia de sábado. Pelo contrário, a Lei dizia:
Deuteronômio 23:24-25
"Quando entrares na vinha do teu próximo, comerás uvas segundo o teu desejo, até te fartares, porém não as levarás no cesto. Quando entrares na seara do teu próximo, com as mãos arrancarás as espigas; porém, na seara, não meterás a foice."
A Lei determinava que, ao entrar na vinha ou na seara do próximo, um homem poderia comer até se fartar, garantindo a justiça na terra para que os famintos pudessem se alimentar. Portanto, não era transgressão ao sábado, mas sim um mandamento de Deus. Contudo, fosse sábado ou qualquer outro dia, era proibido usar instrumentos de colheita, pois isso configuraria apropriação indevida.
Jesus e seus discípulos estavam apenas se alimentando daquilo que a terra produziu, sem que labutassem com o suor do rosto, simbolizando a restauração do princípio original da criação. O significado do sábado era exatamente esse: promover a justiça na terra, permitindo que os necessitados, os escravos, os pobres e as viúvas se alimentassem fartamente, usando apenas suas mãos.
Esse princípio de justiça e descanso aparece diversas vezes na Lei, mas sempre com o mesmo sentido, apresentado sob diferentes formas para que, somando os textos, possamos compreender o todo. Vejamos o que a Lei diz sobre o sétimo ano:
Levítico 25:1-8
"Disse o SENHOR a Moisés, no monte Sinai: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra que vos dou, então a terra guardará um sábado ao SENHOR. Seis anos semearás o teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos. Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. (...) Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos."
O mesmo princípio aplicado ao sétimo dia é estendido ao sétimo ano: a justiça na terra. Fica evidente que Deus deseja demonstrar o mesmo conceito sob diferentes perspectivas. Tanto no sétimo dia quanto no sétimo ano, Deus proíbe o plantar e o colher, permitindo que os homens vivam do que a terra livremente produz, para que possam se dedicar integralmente ao Criador e celebrar o tempo da justiça e da liberdade.
Durante seis dias, o homem estava autorizado a plantar, colher e realizar todo o seu trabalho para sustento. Da mesma forma, durante seis anos, ele podia semear e colher, mas, ao fim desses períodos, tais atividades lhe eram vetadas, pois era tempo de descanso. As obras que o homem realizava para obter seu sustento da terra não eram permitidas nesses tempos, pois Deus as vedava.
Agora, analisemos tudo o que estudamos até aqui. No princípio, o homem não produziria o pão com fadigas, pois a terra lhe concederia sua bênção espontaneamente. Contudo, por causa do pecado, a terra passou a produzir cardos e abrolhos, e, em meio aos espinhos, o homem teria de retirar seu sustento. O alimento que consumia era fruto de trabalho árduo e fadigante, perpetuando a sua condição de servidão. Dessa forma, podemos afirmar que a agricultura, como a conhecemos hoje, simboliza a escravidão do homem e o peso do pecado. Se o homem não tivesse pecado, essa forma de agricultura jamais teria surgido, e ele se alimentaria livremente do que a terra produziria, sem fadigas e sem escravidão. No entanto, por meio do trabalho árduo, o homem extrai seu alimento da terra amaldiçoada e, por fim, retorna ao pó de onde veio, conforme está escrito: "Maldita é a terra por tua causa" (Gênesis 3:17).
Caim ofereceu a Deus o fruto de uma terra amaldiçoada, enquanto Abel, pela fé, ofereceu o primogênito de seu rebanho como símbolo do Cristo. Quando olhamos para a Lei de Deus e seus tempos determinados, percebemos que as festas estavam diretamente ligadas à agricultura. Sem plantio e colheita, certas festas não poderiam ser celebradas. Assim, durante o ano, o homem trabalhava a terra para poder celebrar as festas estabelecidas ao Senhor. Contudo, no sétimo ano, as festas ligadas ao plantio e à colheita não poderiam ocorrer, pois a agricultura estava proibida. Isso nos ensina que, no sétimo ano — o sábado da terra —, a temporada de festas agrícolas chegava ao fim. Da mesma forma, no sétimo dia, o homem também não poderia plantar nem colher.
O significado disso é que Deus quis demonstrar, por meio da tipologia dos seis dias e dos seis anos de trabalho, a escravidão e o peso do pecado. Mas, no sétimo dia e no sétimo ano, essa representação do pecado chegaria ao fim, e a justiça seria estabelecida. O homem passaria a se alimentar sem fadigas daquilo que a terra produziria espontaneamente. Em outras palavras, Deus estava revelando Seu Reino de justiça, onde não há trabalho árduo nem sofrimento. O pecado seria aniquilado, e o homem poderia dedicar-se integralmente ao seu Criador, sem realizar nenhuma obra deste mundo para obter sustento, mas vivendo daquilo que a terra livremente concederia.
A Realidade das Coisas Tipificadas por Deus
(Colossenses 2:16-17) "Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo."
Paulo, por meio do Espírito, ensina que sábados, festas e demais ordenanças eram sombras e tipologias das realidades que Deus estabeleceu. No caso dos sábados e dos tempos determinados, Deus estava apontando para o fim do pecado e para o estabelecimento da justiça, como vimos anteriormente. Tanto o sétimo dia quanto o sétimo ano simbolizavam o fim dos trabalhos e o início da justiça, representando o Reino de Deus.
Agora, compreendidas as sombras, devemos passar à compreensão das realidades espirituais e entender as coisas perfeitas. Se as sombras apontam para algo, então deve existir a realidade correspondente. Primeiramente, sabemos que Deus tem um descanso e que esse descanso está ligado ao sétimo dia. No entanto, a Escritura também afirma que Deus não se cansa:
(Isaías 40:28-29) "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor."
Se Deus não se cansa, então por que está escrito que Ele descansou ao sétimo dia? Para compreendermos esse descanso, é necessário considerar diversos fatores: o momento, o lugar e o cumprimento das profecias. Sabemos que Deus estabeleceu o sábado por causa do homem, mas, ao mesmo tempo, lemos que Ele próprio descansou no sétimo dia. Muitos não percebem esse detalhe, talvez por falta de leitura atenta ou por não meditarem nos profetas e na Lei. No entanto, Deus revela aspectos desse descanso em Sua Palavra. Examinemos alguns textos para chegarmos a uma compreensão mais profunda sobre essa questão.
Salmos 95:8-11
"Não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos, estive desgostoso com essa geração e disse: É povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos. Por isso, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso."
Este texto é muito revelador e nos leva a refletir sobre algumas questões, pois nele percebemos que Deus está tratando dos ímpios que não creram nas palavras do Espírito e endureceram o coração, a ponto de Deus se enfurecer com eles e dizer: “Não entrarão no meu descanso.” Ora, sabemos que o descanso de Deus é o sétimo dia e que este é o sábado do Senhor. Mas como Deus pode dizer a esse povo: “Não entrarão no meu descanso”? O que podemos concluir é que Deus desejava conduzi-los até o descanso, porém eles foram incrédulos, desprezaram a Deus e O tentaram, razão pela qual não puderam entrar no descanso.
Pense: durante quarenta anos esse povo esteve no deserto e já havia recebido o mandamento do sábado. Guardando eles o sábado por quarenta anos, ainda assim Deus lhes disse que não entrariam no descanso. Se guardavam o sábado, como, então, não puderam entrar no descanso?
Quando o escritor de Hebreus explica esse texto, ele nos traz um ensino baseado na Lei e nos profetas, para que a compreensão do Salmo 95 fique clara. Além disso, ele faz uma associação com outros textos:
Hebreus 4:1-11
"Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado. Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram. Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo. Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera. E novamente, do mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.
Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas, de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração. Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia. Portanto, resta um sábado para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência."
Este texto traz uma grande revelação, pois nos dá uma compreensão exata do que o Salmo 95 quis dizer ao tratar sobre descanso e sobre como entrar nele. Veja que ele explica que aqueles que saíram do Egito não puderam entrar no descanso porque a mensagem e as palavras que ouviram não foram acompanhadas pela fé. Ou seja, eles não creram, então Deus jurou que não entrariam no Seu descanso. Isso já havíamos percebido no Salmo 95, mas o mais revelador é que ele afirma que, ainda que Deus tenha dito que eles não entrariam no Seu descanso, as obras já haviam sido concluídas desde a fundação do mundo, e a última obra foi o sábado.
Ora, se Deus fez o sábado no princípio do mundo, como poderiam eles entrar? Por isso, o autor de Hebreus declara que nós, pela fé, entramos no descanso. Ele diz:
"Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo. Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera. E novamente, do mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso."
Fica claro que Deus preparou o descanso desde o início do mundo e que desejava conduzir aquele povo a esse descanso, mas, por causa da incredulidade, não puderam entrar. Ou seja, Deus preparou o Seu descanso e chamou os convidados, mas eles não foram dignos de entrar.
Porém, para nós, é dito:
"Portanto, resta um sábado para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência."
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